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Puma e Tuca

Puma e Tuca
Ironman 2010

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Aguenta coração.

Por Tuany Maria Puhlmann.

Hoje estava aqui em casa organizando umas fotos e encontrei as do ironman de 2010. Acho que por ter sido o primeiro e por enquanto o único iron do André foi uma prova que marcou demais. Por isso resolvi relatar aqui os acontecidos daquele dia tão especial.

Já vou adiantar para aqueles que não acompanharam o ironman de 2010 que tudo ocorreu dentro do planejado. Os dias que antecederam a prova foram tensos. Na sexta-feira uma chuva chata e um pouco de frio. A previsão não era nada animadora para o final de semana, foi aí que resolvemos rezar para São Pedro parar de trabalhar. Ele como sempre atendeu ao pedido, mas não compreendeu muito bem o nosso desejo, pois mandou a chuva embora e nos deixou um vento insuportável durante todo o sábado.

Fomos dormir preocupados pois com aquele tempo certamente a prova seria mais difícil. Às 05:00h o relógio despertou. É gente, mulher de ironman tem que madrugar!  

Arrumei tudo bem rapidinho para não deixar meu atleta nervoso e seguimos para Jurerê. Quando chegamos já havia muitos atletas, todos eufóricos e animados. Seguimos para fazer a marcação do número. Fiquei impressionada com a quantidade de atletas, a praia já estava cheia antes das 06:00h. Lindo foi o amanhecer daquele dia, um verdadeiro espetáculo, realmente um presente do céu.




Encontramos o outro casal ironman (Priscila e Marcos) estavam tão ansiosos quanto nós. Pri e eu nos despedimos dos nossos futuros ironmans. Ficamos juntinhas uma tentando acalmar a outra, mas era impossível não sentir a adrenalina daquele lugar. 

O momento do hino nacional é indescritível, da um aperto no peito e uma vontade de chorar sem tamanho. Após o hino aquela buzina da largada, aquele som dizia que só depois de muitas horas voltaríamos a encontrar nossos maridões. Neste momento só pensei: “Meu Deus, que você ajude e proteja estes 1600 atletas e principalmente o meu e da minha colega”.


Assim começou o ironman de 2010: uma corrida de quase 1Km nas areias da praia, duas loucas (Pri e eu) e praticamente sedentárias atrás de uma vaga privilegiada no corredor da natação. 

Conseguimos um bom lugar, mas e agora como identificar o nosso atleta no meio de outros 1600, sendo que todos usavam aquela roupa preta e a touca branca? Ficamos tontas de tanto olhar, eram muitos e todos iguais, mas deu pra dar aquele tchauzinho rápido. 

Dali mais uma corridinha para a transição da bike. Como tinha informantes na praia (toda a família) fui avisada na hora que o Puma saiu da água. Já comecei a preparar minha máquina e no estilo fã número 1 saí pedindo licença com a seguinte desculpa: Gente, deixa eu ir na frente que o meu marido está chegando e não posso perder este momento. 

Lá veio ele, sério e concentrado, subiu na bike e foi. Meu sogro e eu caprichamos tanto na torcida, mas o Puma estava tão concentrado que nem ouviu.


Resolvemos pegar o carro e ir até o túnel no centro esperar o André. Foi uma péssima ideia. Além do trânsito caótico, o Puma estava empolgadíssimo na 1º volta da bike. Resultado: estacionamos o carro, demos mais uma corridinha e quando chegamos no túnel a “criatura” já estava saindo. 

Voltamos correndo para o carro, pegamos trânsito novamente e nenhuma visão do André. Resolvemos então parar no pedágio. Ali sim é um lugar bacana, é melhor para visualizar os atletas. O Puma passou por nós e disse que estava tudo certo. Fizemos a maior festa (Keyla, Guiherme, Vieira, Irene, Giovani, Adri e Paulinho). Outra festa fez o pessoal que ficou em Jurerê quando ele completou a 1º volta e parou uns segundinhos para se alimentar (pessoal da Sprint, Eduardo, Su, Francisco, Thayssa, Carlos, Fabiano, Elisa, Rani, Vanessa...).




A segunda volta da bike foi um pouco mais demorada. Nesse meio tempo Pri e eu trocamos muitos telefonemas e batemos recorde de ligações para o treinador dos meninos, o Paulinho. 

Essa espera da bike é sofrida porque quem está de fora fica tenso, só imaginando se a pessoa está bem, se está sofrendo...raramente vem um pensamento bom nesta hora  e o pior de tudo é quando ouvimos aquele barulho da ambulância... que som terrível! Não há como sossegar enquanto você não vê o seu atleta.

Próximo às 14:00h seguimos para transição da bike para corrida. Neste momento você percebe o cansaço e o sofrimento dos atletas. Muitos desistem, outros chegam distraídos ao ponto de esquecerem de tirar as sapatilhas o que resulta em alguns escorregões. 

Os staffs (pessoal que recebe os atletas) fazem um trabalho muito bacana. Não é fácil receber 15 – 20 atletas e bikes ao mesmo tempo. O Puma chegou num desses pelotão, senti uma tranqüilidade tão grande de vê-lo porque ali tive certeza que ele completaria a prova. Isso porque o que vinha pela frente era a corrida, o esporte de origem do André. 

Gritei tanto que cheguei a ficar rouca e o danado nem deu uma olhadinha para o lado. Não demorou muito a Pri ligou dizendo que ele tinha passado todo animado por ela. Vai entender, eu fiz aquela gritaria toda, passei vergonha e não tive nenhuma recompensa e quando o gatão passa pelas minhas amigas manda até beijo. Qual é o teu problema Puma? Vamos rever isto no próximo iron...

Durante a corrida ficamos todos próximo ao special needs. O que era aquele cara que anunciava o posto de alimentação? Ele gritava desesperadamente: Special Needs, Special Needs...foi praticamente uma tortura ouvir aquilo por horas. Pensei até que essas seriam as primeiras palavras do Francisco, meu afilhado, na época com apenas 4 meses.



Cada atleta conhecido que passava fazíamos a maior festa, mas a gritaria era intensa quando as estrelas daquele ironman se aproximavam: André e Marcos. 

Nos primeiros 21Km o Eduardo (irmão do André) o acompanhou na corrida. O Puma não queria ninguém muito próximo porque tinha medo de tomar uma punição. Nos outros 21Km foi a vez dos meninos do Floripa Runners (Carlos e Fabiano). Esse apoio foi fundamental, tenho certeza que ajudou muito o Puma a completar a prova. Durante o percurso, ele recebeu palavras de incentivo de muitos amigos: Taís, Cassiano, Roberta, Fabrício e o Ricardo que o acompanhou boa parte de bike.

Nos últimos 10Km da corrida voltou aquela adrenalina do inicio do dia. Era visível o cansaço do André, ele já tinha mudado o estilo da marcha para compensar as dores. Numa de suas passagens, perguntamos se tudo estava bem e ele respondeu: sim, da cintura pra baixo é só cãibra. Que dó! Quando estávamos indo para chegada, fiquei muito feliz quando vi dois casais que amo de paixão: Rafa e Dani; Mari e Fernando. Tão bom ver os meus amigos e a família compartilhando aquele momento tão especial das nossas vidas!

A Tha e eu esperamos o André no corredor da chegada (já no funil) ficamos pulando feito 2 garças retardadas e adivinha: Ele não nos viu! Mas foi tão linda a chegada, aquela comemoração aparentemente contida, mas que denunciava o prazer da conquista e a satisfação de missão cumprida. Foram 10 horas e50 minutos de prova, todo esse tempo para ouvir:

André Puhlmann você é um ironman.


Estava tão ansiosa para falar com o André que não consegui esperar a saída da área dos atletas, pulei a grade de proteção e fui correndo abraçá-lo. 

Estava orgulhosa e aliviada que tudo tinha acabado bem. A primeira coisa que ele falou foi: “Tuca a prova é um tesão. Podes ter certeza que é o primeiro de muitos ironmans”. Então se é assim, vou preparar meu coração para as próximas e fortes emoções de 2012 e tomara que sejam no mínimo parecidas com as de 2010! 

2 comentários:

  1. Bah lendo este post cheguei a sentir o frio no estômago deste dia, pois foi tambem meu primeiro IRONMAN..... Parabéns ao André pois esta prova e uma superação total...
    Este ano estava inscrito e motivado como nunca para buscar a tão sonhada vaga, mas 30 dias antes da prova em um treino de 180km - no km 150 cai e fraturei a clavicula, resultado fora do IM 2011 e ainda de quebra como fiz cirurgia e bobei na expectativa da inscrição, fora do IM 2012.
    Mas tudo bem, 2013 estou lá de novo.
    Parabéns mais uma vez ANDRÉ.

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  2. Caro Deco, posso dizer que fraturar a clavícula é um saco. Cara, no início de 2008 quando comecei a treinar mesmo para o iron também quebrei a clavícula num jogo de futebol. Tive que ficar de molho por uns meses e isso quebrou meu ritmo de treinamento...Claro que depois a gente recupera. Tem é que ter paciência. Quanto a inscrição do iron de 2012 quase fiquei fora também.
    Desejo melhoras e espero te ver no IM de 2013.
    Valeu!

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