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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Saara Racing 2014 - Jordânia - 16/02/2014 a 22/02/2014

Quem acompanha o blog sabe que no mês de fevereiro fiz um post sobre esta competição – Saara Racing – porque um grande amigo foi participar e como combinado (embora já tenha passado um tempo) segue o relato:

Por: Gélcio Silveira


A Ideia da Prova

Era um domingo preguiçoso, na praia com a esposa, março de 2013, quando no Esporte Espetacular, vi o Clayton Conservani, naquele que ele chamou de maior desafio da sua vida. Uma competição de resistência, de 250km no deserto do Saara. De forma resumida mostrou percurso, problemas, sofrimentos, dores, calor, frio, desistências, e por fim o choro na linha de chegada. Aquilo me deixou encantado, e no dia seguinte, descobri a empresa que organizava, mandei minha ficha de inscrição para ver se seria aprovado, já que precisa ter um certo curriculum, e para minha alegria, fui escolhido.

Abaixo o vídeo motivador:



A Preparação

Não tinha a menor ideia de como deveria me preparar para uma prova de 250km no deserto, com temperaturas extremas, altas durante o dia e baixas a noite.

Para isso, procurei blogs, sites especializados, e fui procurando até encontrar um norte, tanto na questão de equipamentos quanto nas de condicionamento mental e físico.

Treinei muito, até fazer uma lesão por stress na tíbia, foram 2 meses correndo na água, e dai pra diante, encaixando natação e bike. Fiz ainda, um condicionamento paralelo de funcional.

Fui muito bem condicionado, pronto. Pelo menos era o que eu achava. Kkk!

Destaco, para o fato de que, você tem que levar tudo que precisa na mochila, eu disse tudo. A organização lhe dá apenas água fria e quente, e a barraca para se alojar. O restante: comida, roupas, curativos, suplementos, gel, saco de dormir, tudo em sua mochila.


A Viagem

Sabia que éramos em 4 brasileiros, no entanto, não havia feito contato algum com eles. O vôo era Brasil-Paris-Amã, e por coincidência, estávamos no mesmo vôo, tanto na ida, quanto na volta. Portanto, na conexão em Paris, acabamos nos conhecendo, e ali começou uma parceria que se fortaleceria muito naqueles que foram os momentos mais doloridos e sofridos da minha vida.

Chegamos em Amã, e lá cada um tinha a sua estratégia para ir à Petra. Eu havia ajustado dividir o transfer com um espanhol, um americano e uma mexicana. Os outros brasileiros, se viraram também.

Hotel maravilhoso, todo de Pedra, com ruínas em alguns pontos do hotel, algo milenar. Dia seguinte, visita a Petra, obras inacreditáveis, esculpidas na pedra, de tirar o fôlego. Fazendo questionar a nossa real capacidade atual, já que, teoricamente sem equipamentos sofisticados, fizeram obras inacreditáveis.


Dia da Apresentação - prévia do inicio - Conheci o que é uma organização de primeiro mundo, fiquei impressionado com os detalhes. Entravamos numa “linha de produção”, que segue:

- pegar um passaporte da prova, no qual tudo era anotado.
- assinar os termos de responsabilidades.
- pesar a mochila, não poderia ser superior a 14quilos, e inferior a 7quilos. A minha deu 9,5quilos sem água.
- falar com a junta médica, revisando eventuais problemas, remédios com rejeição. Detalhe, 6 médicos especializados em traumatologia, 2 especializados em pés, bolhas, etc.
- abrir a mochila, colocar tudo no chão e revisar item a item obrigatório
- pegar o chip
- pegar os números de peito e costas

Em cada passo desse havia um carimbo no passaporte, e sem esse, não era possível ir a etapa seguinte. E sem todos os carimbos não era possível fazer a prova.

Discutiram com todos os seguintes aspectos e nos mandaram tentar… vc que esta lendo, tente também… é show...

1 Você não consegue lamber o cotovelo
2 Você não consegue lamber a ponta do nariz
3 Você não pode respirar pelo nariz com a língua de fora
4 Você acabou de tentar
5 Você viu que é possível e ficou parecido com um cão
6 Você esta rindo muito,,,igual eu fiz..kkk

Esse último tópico é sacanagem…só pra oxigenar a leitura. kkkkk 

Voltando a prova,,,,

Deslocamento para o Acampamento 1

Nesse mesmo dia, às 13h pegamos o ônibus de viagem e nos deslocamos até o local da primeira pernoite, no deserto de Wadi Rum. Ainda atravessaríamos os desertos de Kharaza, Humaima e Wadi Arab, terminando nas ruínas de Petra.


1º Noite - Chegamos no acampamento, às 16 horas, e a primeira grande surpresa, muito frio, mas frio mesmo, 8 graus aproximadamente. Havia tambores com lenha e fogo, estrategicamente preparados para sentarmos em volta.  A barraca era tipicamente Beduína, ou seja, um tapete no chão, e outros tapetes como cobertura, ou seja, sem vedação alguma, tanto para o vento, quanto para chuva. Era possível sentir todos os desníveis e eventualmente pedras no chão.

Quando começou a anoitecer, foi a vez de montar o saco de dormir, primeira noite a dormir no chão, assim como o primeiro jantar com comida racionada, etc... para ajudar começou a chover…frio já de uns 2 graus e chuva. Como disse antes, a barraca não vedava nada, e passamos a noite com respingos de água na cara, ou seja, no pedacinho de nariz que ficava para fora do saco de dormir.

Nessa noite, dormi aproximadamente 3 horas.



No próximo post tem os detalhes de cada etapa da prova.