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Puma e Tuca

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Ironman 2010

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Ironman Brasil 2014

Por: Puma

Essa prova foi bem tensa porque tentei exigir bastante de mim, isso desde a preparação até o final da prova. Tinha um objetivo, uma tarefa muito difícil pela frente que era baixar o tempo de 2012 (9h42min).

Desde o dia da inscrição eu levei a sério o treinamento, tive um cuidado a mais com o meu corpo porque vinha de um pós cirúrgico, também dei mais atenção para a alimentação. Sabia que no final tudo isso faria a diferença porque são essas questões que contribuem para que você alcance seus objetivos.

Como tinha uma meta difícil, os treinos foram realizados com muita qualidade e dei sorte porque não tive lesões e contratempos durante esta trajetória. Claro que tudo isso dentro da rotina dos triatletas amadores: trabalho, trabalho...família, vida social e treinos, treinos e treinos.

A pressão e a expectativa eram grandes, principalmente da família e dos amigos. Todos viram o quanto me dediquei e fiz força nos treinos, participaram de cada etapa do processo. No fim transformei esta expectativa em motivação.

Cheguei em floripa já na quarta feira para tentar entrar mais no clima da prova e esquecer um pouco os problemas do dia a dia. Isso foi bom porque ao longo dos dias que antecederam a prova, fui concentrando e mentalizando tudo que precisava fazer, desde a largada até a chegada.


                                      Foto: Brero Sports

O ponto de maior ansiedade é na hora da largada, são muitas emoções e reações diferentes. Nesse momento, que é muito especial, prefiro buscar um bom posicionamento e tentar controlar a emoção sozinho. Junto com o disparo da buzina a frequência sobe na mesma altura, só que nas primeiras braçadas já consigo controlar.

Todo começo é muito difícil. Ainda mais nadar com 2000 atletas procurando o mesmo ponto. Isso gera muito contato físico! Felizmente me posicionei bem e ocorreu tudo dentro do planejado.

                                    Foto: Brero Sports

Sai da água e vi só o meu pace. O planejado era 1:30 e o garmin marcava 1:27. Segui mais tranquilo ainda para a transição, que foi meio enrolada, mas acabou ainda dentro do tempo programado.


  Foto: Marta Fiorentini                                                             Foto: Nicole Huskes

Da praia até a área de transição tinha uma galera na maior torcida. Escutei o “vai Puma” várias vezes. Muito legal, da um gás para encarar os 180Km da bike. Só que esta empolgação tem que ser controlada, pra não sair feito louco no inicio e comprometer todo o restante.


Ritmo controlado na bike, esperando a reação do corpo para ver como se comportaria nesta etapa. Estava me sentindo muito bem, físico e mentalmente, e isso me fortaleceu. Sem contar que o dia estava perfeito, sem vento e com temperatura agradável.

                                    Foto: Elias Fotografia

Os primeiros 90Km passei forte, além do meu planejamento. Até fiquei preocupado se pagaria o preço na segunda volta. Mas a segunda volta também estava encaixada, até furar o pneu. Não que isso tenha me desmotivado, parei, arrumei o pneu e voltei forte a pedalar. Só que ai foi um desgaste um pouco maior, soquei até o final para recuperar aquele tempo perdido. Mesmo assim terminei o pedal dentro da planilha.

                                             Foto: mundo Tri - Wagner Araújo

A transição foi mais certa e rápida, sem atropelos. Peguei tudo que precisava e sai correndo. 

                                                              Foto: Tais Alessio

Outra parte muito emocionante da prova foi ver aquela galera gritando o meu  nome na grade de proteção. Passando pelos meus amigos e familiares e vendo todo aquele carinho. Isso realmente empurra você.

                                                           Foto: Nicole Huskes

Foi difícil os 42km, com dor lombar desde o inicio da corrida. Achei que isso seria só no inicio, mas foi piorando. Para controlar, tentei me concentrar mais ainda, não sentia meus pés no chão. Tentei gastar o mínimo de energia possível, concentrei só na marcha da corrida. Até porque não estava conseguindo me alimentar, estava muito enjoado.

                                                 Foto: mundo Tri - Wagner Araújo

Queria terminar logo porque foi uma corrida sofrida e isso que é minha modalidade predileta. Mesmo assim busquei uma energia do além e nos últimos 4km aumentei o ritmo. Ali eu percebi que era possível bater a meta planejada que era de 9h18min.


                                                                                         Foto: Marta Fiorentini      

Na reta final, aquela gentarada gritando e o pórtico da chegada ali na minha frente, uma emoção que impedia até a respiração. Muito difícil segurar as lágrimas ao ver o meu tempo de 9h13min, dentro de mim havia um sentimento de vitória, de satisfação e muita emoção, o que me fez chorar como criança.  

                                                           Foto: Brero Sports

E essa sensação chegou ao máximo quando vi a Tuca, toda emocionada, lá atrás da arquibancada. Pulou as grades e veio correndo me abraçar. Na plateia minha mãe, pai, irmãos, sogra, cunhadas(o) e amigos todos com os olhos cheios de lágrimas. Não saiu uma palavra da minha boca, mas eles entenderam no meu olhar toda a retribuição de amor que tenho por eles.

Isso é o Ironman, emoção do começo ao fim!


PS: Nos próximos posts vou falar com mais detalhes de cada etapa da prova, acho que vai ajudar aqueles que pretendem fazer o Ironman 2015!



sábado, 10 de maio de 2014

Quanto tempo falta mesmo?

Por:Puma

Duvido quem não está na contagem regressiva para o Ironman Brasil 2014.
Mas respondendo a pergunta
Falta apenas 16 dias.

E o que fazer neste momento?

Além de seguir com os treinos e caprichar nesta fase que chamamos de polimento é hora de começar a organizar toda a tralha que vamos utilizar na prova.

Pelo menos é isso que faço. Já vou separando os equipamentos da bike e a medida que verifico que está faltando algo, já vou logo atrás para deixar tudo certo.

(Preparação no IMBR2012)
Também já começo a pensar com mais carinho na alimentação que vou utilizar durante a prova. Nos medicamentos, suplementos... Na verdade eu deixo uma lista pronta de tudo que vou precisar porque tem certos alimentos que irão ser comprados só no dia anterior (batata, pão...)

Não deixe para fazer a revisão da bike na última hora.  É preciso treinar com a bike nas condições que ela irá competir. Essa semana a minha bichinha já veio da revisão, amanhã vou colocar as rodas que vou fazer o iron. Claro que até lá haverá outra revisão.

Inclusive no dia da entrega (sábado) ou um dia antes é importante sair para fazer um giro com a magrela. Falo, porque já vi muitos imprevistos nessa hora.  Aconteceu com um amigo, na véspera da prova, ele saiu para pedalar, a corrente caiu e travou na catraca, sorte que encontraram alguém para solucionar o problema, mas isso depois de algumas horas.

Outra coisa importante, tem que usar a roupa de borracha em alguns treinos. Vai que tem alguma surpresa? Melhor descobrir enquanto ainda há tempo para solucionar. O uso da roupa altera um pouco a mecânica da natação, por isso é bom usá-la para que você perceba os benefícios e essas alterações.

Nessa fase o tênis já foi escolhido, usado e testado. Não dá para encarar uma prova dessa com um tênis 0Km. Não faz muito tempo que comprei o meu, mas já consegui fazer uns longos com ele e acho que está pronto para encarar os 42Km.

Quanto a ansiedade, só posso dizer que é normal. Pela 3º vez na mesma situação começo até achar gostoso este momento que antecede a prova. Tem que curtir mesmo: o nervosismo, a euforia, as certezas, incertezas...tudo isso faz parte do processo de construção de um Ironman. E no final são essas sensações que te levam novamente a fazer essas provas. Porém os pensamentos bons/positivos têm que prevalecer nesta fase.

Você não chegou até para desistir agora, né?

O mais difícil já passou que foram os treinos. A prova embora vocês possam me achar louco é um momento de consagração daquilo tudo que passou. Ela é  em si mais” fácil” que os treinos. É hora da diversão, da alegria, mas vamos entrar nessa brincadeira com muito respeito.  

Tem que controlar a ansiedade porque ela pode atrapalhar não só agora,  mas também no dia  porque essa danada pode afetar todo o seu planejamento. O desafio está ai e quem treinou e se preparou está pronto sim. Sem neura, sem estresse, olhe para trás e veja a sua caminhada. Toda aquela dedicação e esforço serão recompensados no dia, quando você passar pelas pessoas que te acompanharam em todo esse processo e ver  tamanha alegria e orgulho que elas sentem por você e principalmente quando você passar pela linha de chegada.

Garanto que todo o esforço, os altos e baixos durante a prova são válidos para viver toda aquela energia e por isso se tornam momentos inesquecíveis na nossa vida.
Vai lá pra ver como é bom!

Este video resume bem o momento que estamos vivendo e que vamos viver. Vale muito a pena dar uma olhada.

https://www.youtube.com/watch?v=WP8C4RSKrnY 


segunda-feira, 5 de maio de 2014

As Etapas do Saara Racing 2014 - Jordânia - 16/02/2014 a 22/02/2014


Por: Gélcio Silveira

1º Etapa - Inicio de uma rotina diária, acordar às 5:30h, arrumar o saco de dormir, amarrar na mochila, tirar o café do dia, um preparado que fiz, altamente calórico. Não levei pratos, portanto, para fazer o café, cortávamos uma garrafa plástica de água, e com o fundo fazíamos um recipiente, onde preparávamos nossas refeições. Acreditem, qualquer 100gr que você evitar, ajuda.

Outra rotina, às 7:30h, a organização com um megafone, fazia uma explanação do que seria a prova naquele dia, dificuldades, etc..

Às 08h, o tiro inicial, foram 39,7 km, com muita chuva e frio… 


Uma novidade, muita areia; areia branca, preta, fofa, dura e algo que não esperava: cascalhos! A sensação é que uma bomba havia explodido minutos antes. Andei muitos Kms, tendo que escolher onde pisar, pois era impossível fazê-lo correndo sem o risco de queda séria.

A estratégia do primeiro dia, lembrando que ao fim do dia, ainda faltariam 210km, foi andar forte nas subidas, e trotar nas decidas. O peso nas costas, com as caraminholas cheias, chegava a 11,5Kg… por isso, qualquer corrida mais rápida ficava difícil. 

No entanto, a grande dificuldade do dia não foi nada disso, foi o frio e a chuva torrencial. Para me salvar, peguei um saco de lixo grande, e fiz uma capa, e coloquei por baixo das roupas, isso me manteve aquecido (no peito).

Nesse dia, 3 atletas desistiram, sendo todos por hipotermia.

Fiquei aproximadamente 4h me secando na tenda, em volta do tambor com fogo, acabei seco e defumado... kkk. Detalhe, toda minha roupa, estava no meu corpo, e portanto, se não fizesse isso, dormiria molhado.

Nesse 1º dia, fiz 2 bolhas, na parte interna do calcanhar, lugar novo pra mim, já que nos meus treinamentos no Brasil, troquei a sola do pé umas 3 vezes!

Após tudo seco, concluímos que seria impossível dormir na tenda beduína. E decidimos, eu, um canadense chamado Paul e o outro brasileiro, Paulo, dormir na barraca plástica, que não tinha paredes, mas que não entrava água por cima.

Assim, naquela noite, pegamos o tambor com fogo, e deitamos em volta. Tentem imaginar, o tambor ao centro e os sacos de dormir fazendo um triângulo em volta, cada um pegando uma beradinha do calor…

Um curiosidade deste dia, faltando 2km para a linha de chegada, encontramos os outros dois brasileiros, o Vladi e o Alex,  sendo que o primeiro é 100% cego, e o outro é seu guia… Uma lição de vida, e superação, que me ajudou muito, nos momentos mais difíceis da minha vida.

Nesse dia fiz em 06:47:22.

2º Etapa – O amanhecer foi muito frio, um absurdo de frio! Tanto que nessa noite, a organização arrumou cobertores, pois, concluíram o risco de morte por hipotermia. A distância foi de 39,6km.

Até o meio dia insuportavelmente frio; após saíram as nuvens e veio um céu de brigadeiro,,, e o solzão deu a graça, e amigos,,, comecei a achar que com frio não estava tão ruim,,, kkk.

Um aumento de dificuldade para o dia anterior de uns 20%, nada impossível. Muitas ossadas de camelos no caminho. Ahhh, havia esquecido,,,o lugar é maravilhoso, muitos camelos selvagens, vi muito mais camelos do que pessoas no deserto.

Mantive meu pace… acreditando em minha estratégia. Tanto no primeiro dia, quanto nesse, eu e o Paulo, fomos juntos, e terminamos juntos. Nesse dia fiz em 06:43:11.  

3º Etapa - Nesse dia, amanheceu um pouco menos frio, e com os cobertores tudo ficou mais tranquilo. A dificuldade passou a ser por conta do calor, já que em relação ao terreno e dificuldades, foram muito parecidos com os dos dias anteriores.

Por incrível que pareça, fazer 39,2 km embaixo de sol não parecia nada demais, estava virando rotina. Foi nesse momento, perto do Km15 que por conta do terreno acidentado, fiz uma leve torção no tornozelo direito, nada demais, tanto que dei continuidade como se nada tivesse acontecido.

No entanto, ao fim da etapa, quando o corpo esfriou, notei uma inflamação aguda no tornozelo e no músculo frontal da tíbia direita. Tomei um antiinflamatório e fui dormir. Nesse dia fiz em 07:11:34.

4º Etapa - Acordei e descobri que o tornozelo direito bem como a “canela” doíam, mas a dor é parceira nossa, então, tomei mais um antiinflamatório e começamos o dia. Muito complicado, muito quente,,, Nesse dia, passamos por um autódromo de camelos, sim,,, eles estavam treinando camelos para corridas, e pelo que notei, algo bem profissional.

Quanto a dificuldade, muito parecido com os outros dias. O diferencial era o acúmulo dos dias anteriores, as noites mal dormidas, a alimentação racionada, isso tudo aos poucos vai minando o atleta.

No Km25 encontramos os outros brasileiros, Vladi e Alex, e acabamos juntos, Eu, Paulo e os dois. Ao terminar a etapa, me assustei, pois o tornozelo e perna estavam muito inchados, e quanto a dor, não preciso mencionar. Mas, a frase, a dor é passageira, mas a desistência é para sempre, não saia da minha cabeça.

Eu estava muito chateado, pois, não tinha cansaço algum, dor alguma, cãibra, nada, apenas aquele tornozelo infeliz para deixar tudo mais complicado. Foram 39,3km em 07:21:46

5º Etapa - O dia do desafio chegou, 86,5 km!

Tínhamos das 8h desse dia, até 12h do dia seguinte para completar. Meu tornozelo e canela imóveis, inchados. Fui até a tenda médica, e o mesmo sugeriu que eu abandonasse. Segui afirmando que Eu precisaria de toda a minha capacidade física para completar esse dia. Eu, respeitosamente disse: “Dr. vou até minha tenda e já volto” … ele deve estar me esperando até agora...kkk

Fui até minhas coisas e peguei o máximo de remédios para dor, pedi a alguns amigos, e fiz um estoque para cada 3 horas. Iniciamos a grande e penúltima etapa. O que vou relatar agora não tem o propósito de tornar mais dramática a viagem, a aventura, mas foi o dia mais longo da minha vida e com certeza nunca senti tanta dor.

Sabe o nível de dificuldade do terreno nos dias anteriores? Então, esse dia, foi 3 vezes mais difícil que os outros dias juntos. Fizemos 2.200mts de altimetria acumulado. Iniciamos com a descida de um desfiladeiro, com rochas soltas, e muito perigoso, isso durante uns 7km. Chegamos a um rio seco, entre paredões de pedra, ou seja, quando chovia, ali era a avenida principal.

Nesse rio seco, fizemos 39km, é difícil explicar como é correr dentro de um rio seco, mas na faixa central é areia fofa, e nas laterais pedras soltas, portanto, foi complicado..ahhh, o calor,,, não esqueça do calor…

Quando cheguei ao posto de hidratação 4, fiquei feliz, havia acabado o rio, então saímos dele, e para a surpresa de todos, 11km de subida, do leito do rio até o topo da montanha, 680mts de subida. 

Lembrei da montain Bike, e usei essa experiência para não desanimar,,,sempre pensava, na próxima curva acaba...kkk! Quando cheguei no topo da montanha estava escurecendo, e na seqüência o posto número 5, faltavam 36 km para fazer a noite. Ligada a lanterna de cabeça, continuei, pois se parasse 1minuto, tinha medo de esfriar e a dor aumentar.

Durante a noite, tudo o que Eu imaginava sobre dor, dificuldade, frio, fome, tudo foi vivido. Enquanto era dia, eu conseguia ver onde pisar e isso me ajudou muito, já durante a noite, apesar da lanterna ser boa, inúmeras vezes pisei errado, principalmente nas descidas com pedras soltas, nesses momentos a dor era quase insuportável.

Recordo de algumas vezes pisar errado e a dor ser tão intensa, que vinha com uma ânsia de vômito. Algo que Eu nunca tinha vivido, nem em treino, nem nas épocas das Lutas, nunca!

No auge do transe e da luta metro a metro no escuro, cheguei ao posto 6 onde havia água quente. Parei por 15 min, fiz comida, me aqueci e hidratei. Nisso, quase que reclamando da minha dor, parei em uma tenda diferente, montada ao lado da tenda de hidratação. Era uma tenda médica, e acreditem, tinha gente no soro, outros desmaiados, gente chorando, vomitando, parecia uma guerra; Aquilo, me deu forças, pois vi que tinha gente pior que Eu. E aquela frase não parava de bater em minha cabeça, a dor é passageira …blá, blá, blá….

Pedi ao médico, remédio para dor e ele me deu 3 comprimidos e disse tome 1 a cada hora, eu concordei, e tomei os 3 ao mesmo tempo, pois tava de chorar. Na seqüência perguntei quanto faltava e tomei um susto, pois faltava 31km.

Só para resumir, no posto 6 eram 8h da noite. Levei mais 8h para fazer os últimos 31 km. Cheguei às 04:08h. Se me perguntarem como passei essas 8horas, não sei explicar, lembro de momentos, e das ânsias de vômitos por conta das pisadas erradas.

Lembro também de adorar as subidas, pois doía menos, acreditem, quando eu via que era uma descida, já me preparava para a tortura. Eu nunca imaginei torcer por subidas kkk!

Outra coisa, faltando 1km para a chegada, era possível ver as luzes do acampamento no meio do deserto, lembro de ter ficado eufórico, o fim tinha chegado, a dor iria acabar.

Ilusão minha, nesse último km levei aproximadamente 1h:30 para fazer. Era uma descida, com pedras soltas, em “s” que somente cabritos montanheses usavam. Absurdo, uma dificuldade inacreditável, estava exausto, foi o Km mais difícil da minha vida.

Por fim, cheguei no acampamento e deitei na primeira tenda que vi. Acordei tinha umas pedras enormes embaixo das minhas costas, e nem havia notado, oh soninho bom!!!  Nesse dia fiz em 20:06:00.

Não da para acreditar, mas às 14:00h do dia seguinte tinha atletas chegando ainda. Olhava em volta e  parecia um campo de guerra pós ataque. A tenda médica era a mais frequentada. Gente chorando, mancando, bolhas, curativos, muletas. Todos, do 1º colocado ao último estavam de alguma forma com cara de dor.

No entanto, era um olhar diferente, dor com vitória. Aquele brilho, o brilho da superação nunca mais sairá da minha cabeça. Os que desistiram, e foram pegos pela organização, choravam compulsivamente quando viam chegar alguém às 15h, semimorto, mas vitorioso, não desistiu…venceu o maior dos inimigos, ele mesmo.

Aprendi algumas lições:

ü      Precisamos de pouco, muito pouco;
ü      Amigos aparecem quando você menos espera;
ü      A dor é psicológica sim, e ponto final;
ü      Somos indestrutíveis, e nosso limite é feito pelos nossos sonhos;

Ah, e que chorar não é coisa de menina...kkk, pois no dia seguinte, quando lembrava de tudo que havia passado, e vinha aquela dor, dava nó na garganta e enchia os olhos,,, Pensa num sentimento maravilhoso, o choro da vitória.

6º Etapa - Largamos às 09h, dia de festa, apenas 6,1km, do acampamento até as ruínas de Petra.

Sou honesto, minha perna não queria fazer esse último trecho. Mas, missão dada é missão cumprida. Então, faca na caveira! Resumo, fiz esses 6km trotando e correndo. A dor era alucinante, mas andando doía mais. Peguei a Bandeira do Brasil, e coloquei em um bastão de um amigo Espanhol. Fui levando nossa bandeira. A cada turista que passava, eles gritavam…Brasil….e era mais uma lágrima que rolava…


Orgulho, dor, superação, sonho, tudo... uma mistura de sentimentos!
E a chegada, a medalha.


E assim, foi o maior desafio e a maior vitória da minha vida.

Aprendi muito, fiz amigos, e principalmente descobri que a próxima tem que ser mais difícil, pois somos imbatíveis e do tamanho dos nossos sonhos.