Por: Puma
Como sempre nos grandes momentos
da minha vida sempre têm alguns obstáculos na véspera, isso ajuda a deixar os
momentos mais intensos e muito mais tensos. Desta vez 2 semanas antes da
largada do iron iniciou uma dor leve na dorso-lombar, mesmo assim não parei de treinar.
Achei que iria passar da mesma
maneira que começou, sem qualquer aviso. Mas infelizmente não foi assim que as
coisas aconteceram, com o passar dos dias a dor foi aumentando e principalmente
limitando minha respiração (não conseguia fazer uma respiração profunda). Com
isso precisei pedir ajuda para alguns amigos, primeiro para a Rafaela Tabalipa,
da Twit, que fez um trabalho de relaxamento,
massagem e acupuntura.
Depois foi a Tais com um trabalho
de alongamento da cadeia respiratória junto com a Kinesio taping, para tentar
diminuir a tensão e a dor. Olha, a única
coisa que não fiz para passar esta dor foi macumba, não fiz porque não sabia
onde tinha, pois nesta hora estava disposto a fazer de tudo para não iniciar o
iron com dor.
Fiz todo o ritual pré-prova realizado
com muita atenção, mas não tanto assim, pois esqueci de levar a minha
alimentação sólida para a prova (batata doce e pão com frango). Consegui
recuperar a tempo esta falha graças a Ivy e a Tuca que voltaram para buscar. Me alimentar muito bem durante a prova. Valeu
mesmo meninas!
Nesse tempo, aproveitei para
arrumar todos os detalhes das transições T1 e a T2, gravei o local da bike,
arrumei as sacolas 2, 3 ou 4 vezes para saber tudo o que tinha dentro e qual
era a sequencia que iria fazer nas transições. Acho isso muito importante
porque evita problemas nas transições, quanto mais automática for a transição
melhor e eficiente ela será.
Em seguida fui para a praia. Ai o
pau pegou, a pressão e o frio na barriga ficaram intensos. Sentir aquela areia
nos pés e o barulho do mar foi o sinal de que estava na hora e aqui é o momento
que preciso ficar sozinho para visualizar a prova do inicio ao fim, relembrar
todos os detalhes já vistos e treinados inúmeras vezes nos últimos meses.
Fiz isso, cai na água para dar
uma girada, não posso dizer que fui aquecer. Acho que foi principalmente para relaxar,
soltar a tensão que estava no estomago. Foi muito bom, consegui respirar
novamente e assim que voltei para a areia, encontrei com a Tuca. Outro momento
único, o beijo, o abraço, a despedida..... sem explicação. Só quem faz a prova
sabe o quanto é importante estes momentos antes da largada.
Fui para a área da largada, local
de extrema concentração e isolamento, mesmo com 2000 atletas ao seu lado é um
momento individual. Uns choram, outros não param de falar, mas todos estão no
aguardo daquela buzina.
Aproveito para destacar um dos
momentos mais emocionantes da minha vida que foi em 2010 quando tocou o hino
nacional antes da largada. Foi espetacular e incrível! Porém, em 2012 e neste
ano não tocou, acho que foi um erro, pois é muito legal ouvir todos cantando o
hino e depois sim ouvir o som da buzina.
Neste ano me posicionei bem na
frente, assim achei que não iria ter o UFC de sempre, ledo engano. Assim que
botei a cabeça na água e iniciei as primeiras braçadas já tinha uma multidão ao
meu lado. Aquele atropelo foi inevitável!
Precisei me posicionar novamente
e encontrar um outro caminho. Como alguns amigos falam, entre tapas, respiradas
e remadas, logo as coisas melhoram. E assim foi, encaixei a natação e fui rumo
a primeira boia. Como combinado com o Paulinho (meu técnico) iria fazer uma
natação controlada, sem inventar nada - controlar e tentar sair bem.
Programei esta etapa para fazer
em 57 minutos, o que daria para 1 minuto e 30 segundos os 100m. Quando sai
olhei o relógio e vi que a média estava em 1’27, fiquei muito feliz e isso me
deixou muito motivado.
Só sai com essa sensação boa
porque não olhei o tempo geral da prova, pois se tivesse olhado talvez teria
ficado um pouco preocupado porque até descobrir que nadei uns metros a mais e
que o tempo total marcava 1hora, isso
poderia me prejudicar.