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Puma e Tuca

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Ironman 2010

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Assim você mata a mamãe.


Por: Tuany Maria Puhlmann

Depois de muito tempo sem escrever, hoje sobrou um tempinho. Gente, que correria esse pós-operatório do André. É uma função! Isso não é uma reclamação, mas é complicada essa limitação de não poder colocar o pé no chão, exige paciência de ambas as partes. Só a função do gelo é umas 6  vezes ao dia, fora que tem que deixar tudo pronto desde a roupa até a comida.
A primeira semana foi a mais difícil. Entender como iria ajudá-lo com estes horários tão reduzido que fico em casa, foi bem complicado. Então, nos primeiros 10 dias, consegui me ausentar do trabalho e ficar de enfermeira. Foi ótimo porque ele teve companhia e eu consegui compreender melhor as necessidades do meu “bebê”.
Quando voltei a trabalhar e estudar já estávamos acostumados com o ritmo, que segue assim: primeiro levar o café na cama, em seguida dois sacos de gelo (antes tem que quebrar o gelo), mais toalhas para não alagar a cama, espera 20 minutos, retira o gelo, verifica os remédios, instala o garoto no sofá, na cama ou no escritório. E nesse meio tempo, eu vou me arrumando, já que preciso sair de casa às 07h30min. Tenho que deixar o computador no lugar que ele vai ficar, assim como os livros, os jogos e qualquer outro passatempo. Se bem que agora encontramos um método melhor para o André se deslocar com estas coisas, Ele sempre fica com a mochila por perto, se desejar trocar de lugar (dentro das suas inúmeras opções: cama, sofá e cadeira) coloca dentro da mochila e vai onde quiser. Quanta liberdade!
Às vezes, fico no trabalho preocupada, pensando nas maluquices que ele pode fazer sozinho em casa, porque tem horas que parece um doido com aquelas muletas, tenta pegar coisas embaixo do armário sem dobrar a perna, fica com a perna suspensa lavando a louça, sobe as escadas numa rapidez de arrepiar. Confesso que ele tem mesmo habilidades com a muleta e isso é bem vindo, pois dentro do possível ele consegue se virar sozinho.
Ainda bem que agora falta pouco, mas meus vizinhos certamente sentirão falta do meu ritual, eles devem pensar que sou meio prejudicada das ideias só porque quebro gelo na calçada várias vezes ao dia...normal! Já vi uma das vizinhas observando, ela deve pensar: lá vem a vizinha louca com aqueles dois saquinhos para arremessar na calçada. Calma vizinha, não enlouqueci só faço isso porque o efeito da crioterapia é melhor com o gelo assim quebradinho. Que bom que dá para se divertir com a situação! Teve também um sábado que resolvi levar o garoto comigo no mercado, eu parecia a mãe dele, pedi para se comportar, prestar atenção, andar devagar e claro que ele não atendeu. Cheguei ao ponto absurdo de falar o seguinte: “assim não dá, não vou mais te trazer ao mercado, se acalme guri”, isso porque ele estava se achando numa pista de corrida. Mas o melhor foi ver a reação da mulher ao lado que ficou procurando uma criança e de repente avistou o bonitão da muleta na minha frente.
Apesar do nosso ritmo de vida estar um pouquinho alterado, tudo vai indo bem. O André colaborou demais, nem ficou manhoso como a maioria dos homens e com o apoio dos familiares e amigos foi mais fácil encarar esta reabilitação. Agora é abandonar as muletas no próximo dia 28 e retornar de maneira lenta e gradual aos treinos.


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