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Puma e Tuca

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Ironman 2010

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A NATAÇAO - IRONMAN 2012


Por André Puhlmann

Essa prova chamada ironman é tão importante que preciso dividir em etapas para compartilhar com vocês todos os momentos. Então, esta semana resolvi falar um pouco mais sobre a prova de natação e nas próximas sobre a bike e a corrida.

No dia da prova levantei às 04:30h e até que foi fácil sair da cama. Primeiro porque já estou acostumado em virtude dos treinos e outra que o sono é muito leve em véspera de ironman. Levantei, fiz o ritual de sempre, apurei a Tuca e fomos fazer a marcação do número. 



Já numerado, entrei para preparar a bike e na saída perdi minha ironwife. Fiquei uns 10 minutos procurando e não a achava, pensei até em nadar sem a roupa de borracha. Mas, peguei o telefone de uma desconhecida e acabei a encontrando e isso já era 06h40min.



Fomos para a largada, o dia estava amanhecendo, um visual lindo! Na ida encontrei meus amigos Ricardo e Marcos que me ajudaram a colocar a roupa de borracha e mandaram aquela força para eu fazer uma boa prova.  Além deles estava o sogro, a sogra, a cunhada e o Fabiano Braum. Entrei no chiqueirinho com o Everton (amigo de Blu) e estava um sufoco para entrar...uma loucura!



Vi que o mar estava calmo sem muita ondulação e puxava um pouco mais para a direita, então resolvi largar mais à esquerda. Foi um momento de solidão, com o coração batendo muito forte parei para pensar em como seria todo o meu dia e o que veio a mente é que eu deveria ter PACIÊNCIA. Precisava controlar a natação para sobrar um pouco mais para as outras etapas.


Neste momento de concentração estava à espera do hino nacional, mais um momento que mexe com a gente, só que infelizmente esse ano não teve. Foi uma largada meio no susto, de repente ouvi a buzina e a galera toda correndo. Fui junto, sai no bolo e até que não tomei muita porrada considerando que às vezes esse inicio de prova se assemelha a um UFC aquático. Na ida até a primeira bóia estava tudo certo. Nadei bem e aparentemente não estava fazendo muita força. 

Já na volta para a praia me perdi um pouco e precisei correr a mais dentro da água. Foi onde comecei a sentir aquela sensação de cãibra na parte posterior da coxa direita e dores no braço. Isso preocupou bastante e realmente me senti desmotivado em pensar que isso poderia prejudicar toda a minha prova.

Entrei no funil da corrida (na praia) tentando relaxar braços e pernas e achar uma solução para diminuir aquelas sensações. Olhei no relógio e vi que meu tempo estava dentro do programado: 31min. Então, resolvi diminuir o ritmo, nadei com uma braçada mais alongada e olhei menos para frente. Fui na confiança de quem estava ao meu redor. Não deu muito certo porque tive que nadar uns 100m a mais para chegar até a bóia. Fiz o retorno e voltei para a praia, olhando para frente para não bobear novamente. Faltando alguns metros para finalizar a natação comecei a focar na transição. Pensei onde estavam as minhas coisas, no que eu precisava fazer: colocar a roupa de borracha na sacola, pegar alimentação, ainda decidir se levaria ou não o manguito, óculos...


Ao sair da água estava bem, mas preocupado com aquela a sensação esquisita. Como saio um pouco zonzo não consigo identificar direito as pessoas, escutei meu nome, porém não vi ninguém. Como falei no post anterior ao verificar o relógio e ver que o tempo tinha fechado exatamente dentro do programado (58min) tive mesmo uma sensação de dever cumprido, pelo menos nesta parte.

Corri até a transição sem fazer esforço, corridinha leve. Quando fui tirar a roupa de borracha tomei o maior cuidado porque no iron de 2010 acabei caindo na hora da puxada e isso rendeu uma dor no piriforme durante toda a prova. Desta vez eu deitei primeiro e depois sim que o pessoal tirou a roupa. Nessa hora até chegar ao galpão das sacolas é muito emocionante, tem uma galera assistindo a prova, aplaudindo, incentivando e ouvir um familiar/amigo no meio desse povo todo torcendo por você é demais... Isso motiva mesmo.

Depois disso entrei no galpão para deixar a roupa e pegar as coisas da bike. Dentro do galpão as sacolas estão divididas entre natação e bike juntas no lado esquerdo e a corrida no lado direito. Os staffs ajudam você a localizar as sacolas, mas o ideal é gravar a fileira para não perder muito tempo. Depois de pegar as sacolas fui para o local de troca, sempre jogo tudo que tenho dentro no chão, assim fica mais fácil de ver e pegar o que preciso. Ali precisei tomar algumas decisões por causa daquelas sensações desagradáveis na água, resolvi antecipar minha nutrição, tomei BCAA e um pouco de carboidrato e segui para a bike.

Essa parte da prova foi gostosa (tirando o inconveniente da cãibra) e para mim a natação é mesmo uma prova confortável. Sei que não sou um bom nadador, mas consigo fazer uma boa prova. Isso porque aprendi a nadar com minha mãe muito cedo e competi até os 13 anos de idade provas de piscina. E para os treinos do iron aperfeiçoei as distâncias mais longas no mar, pois a técnica eu já trazia desde criança. Isso com certeza facilitou os meus treinamentos. Mas quero deixar registrado que conheço muitos que começaram a treinar a natação 1 ano antes do iron e que mesmo assim fizeram uma boa prova.  



domingo, 10 de junho de 2012

Ironman Brasil 2012: INESQUECÍVEL.


Por André Puhlmann

Devo começar este post pedindo desculpas pela demora em escrever meu depoimento sobre o Ironman 2012, mas logo no dia seguinte ao Iron precisei fazer uma mudança que durou a semana inteira. Carreguei caixas, subi e desci inúmeras vezes as escadas... posso dizer que foi um ótimo descanso ativo. Apesar da das dores pós Iron, isso não importou muito porque para realizar este outro sonho valeu a pena.

Este Iron foi muito especial não só pelo resultado final, mas pela trajetória e o caminho até chegar ao chiqueirinho da largada. Precisei rebolar bastante para conseguir treinar sem prejudicar muito o trabalho e a família. Treinei muitas vezes pelas madrugadas e noites, coisa que não estou acostumado a fazer, mas me adaptei muito bem com este novo estilo de treino.

O Iron de 2012 veio com um amanhecer bonito, mar liso e muito inspirador. Fui caminhando até a largada e pensando no meu foco: fazer uma boa prova e consequentemente reduzir as minhas 10h50min de 2010.

Encontrei muitos amigos pelo caminho, mas naquele momento antes de largar estava sozinho, quer dizer com mais de 2000 atletas compartilhando aquele mesmo sentimento. Estava confiante, mas preocupado em alcançar o meu objetivo, parei e coloquei a cabeça no lugar para não dar espaço para a ansiedade.

Visualizei o mar e tracei meu plano de natação. Desta vez nadei no bolo e tomei cuidado para não levar porrada e perder os óculos. Na metade da prova da natação comecei a sentir cãibras na parte posterior da coxa e um pouco de dor nos braços. Isso já abalou um pouco a prova porque comecei a pensar que não poderia ser um bom dia, mas isso passou rapidinho quando ao sair da água meu relógio marcava 58min23seg.

Foto de Alice Kohler.
Foi bom ter visto que a meta da natação tinha sido cumprida. Ainda assim, continuava com uma certa aflição pelos sintomas que tive na água. Fiz uma transição tranquila, tomei cuidado para não forçar e aproveitei para descansar.  Como a transição estava toda mentalizada e organizada, consegui fazê-la em 04min.

Iniciei a bike com muita cautela porque lembrei da prova de 2010, onde fiz a primeira volta muito mais forte que a segunda. O tempo estava perfeito para o pedal, com sol e sem vento e isso começou a me animar. Senti que a prova estava redonda no Km 45, estava fisicamente bem e o velocímetro indicava 34,5Km/h e eu senti que eu poderia mais, porém controlei este impulso.
Foto de Alice Kohler
No inicio da segunda volta senti que o negócio ia pegar mesmo. Estava bem e resolvi manter o ritmo da primeira volta: 36,2Km/h de média. Tive que fazer força para finalizar a prova neste mesmo ritmo. Ao sair da bike estava radiante, feliz de verdade pelo meu pedal de 5h, melhor que o esperado.

Transição rápida, 2min51seg, peguei o que precisava e saí para a maratona. Minha programação para esta parte da prova era iniciar num ritmo mais lento e a partir do Km 10/15 apertar o ritmo. Funcionou parcialmente, estava bem até o km27, a partir daí começaram as sensações de cãibra na coxa, dor na panturrilha e graças a Deus a do joelho não deu as caras. Fiquei com essa sensação até o final, mas a vontade de terminar bem a prova e conseguir um bom tempo foi superior a dor.   

Inexplicável o sentimento desta prova. Foi emocionante do começo ao fim. Confesso que o final mexeu mesmo comigo, chegar com a luz do sol, com muitas pessoas aplaudindo e encontrar a Tuca na linha de chegada foi demais para este coração cansado das 09h42min de prova.
Inesquecível...
Foto de Marta Helena Fiorentini

Para completar no dia seguinte fui verificar a classificação e fiquei surpreso com o meu excelente resultado: 69º no geral e 17º na categoria (30-34anos). Comprovado então, que dedicação, treinamento, segurança e tranquilidade podem trazer bons frutos.



A Tuca também deixou o seu relato sobre o Ironman Brasil 2012 aqui: